28 de maio de 2021 - por Daniel Dias e Gabriel Dias, com a Wikipedia
O pequeno Fiat 147, o responsável pela estreia da Fiat no Brasil, é o quarto representante da série “Memória das Estradas” do Dias ao Volante. Os três primeiros foram o Chevrolet Opala, o Fusca e o Ford Corcel.
Lançado em 1976, o 147 foi um marco na indústria automotiva brasileira, não apenas por si próprio como também por ter aberto as portas para a Fiatno Brasil, com a inauguração do Complexo Industrial de Betim (MG), atualmente, uma das maiores fábricas de automóveis do planeta. Também nos dias de hoje, a marca italiana, pertencente ao Grupo Stellantis (união da FCA com a PSA), é a líder de vendas do mercado brasileiro, e muito se dá para isso ao pioneirismo do 147.
Produzido de 1976 a 1986, o Fiat 147, baseado no 127 italiano, abriu, entre tantas outras novidades, o conceiro de um carro pequeno com amplo espaço interno, uma mágica inventada pela fabricante italiana. O 147 é tão pródigo por suas qualidades como pelas muitas brincadeiras à cerca do carrinho, que de nada reduziram sua importância na história da indústria automotiva brasileira. Embora a sigla “Fiat” signifique Fabbrica Italiana Automobili Torino ou Fábrica Italiana de Automóvel de Turim, as “más línguas” associavam à época a “FuiIludido,Agora éTarde” ou “FamíliaItalianaAtrapalhando oTrânsito”.
As gozações afirmavam ainda que o 147 tinha como item de série uma marreta, para que o motorista pudesse engatar a primeira marcha. O câmbio, aliás, foi um problema recorrente nos modelos da Fiat na sua primeira fase no Brasil, sanado completamente com a segunda gama e a atual, formada pela líder de mercado Strada, o Argo e seu sedã Cronos e a picape Toro, produzida em Goiana, Pernambuco, ao lado dos Jeep Renegade e Compass, do Grupo Fiat Chrysler Automobile.
Primeiro carro produzido pela Fiat do Brasil, o 147 realmente foi um divisor de águas no mercado automotivo nacional. O bom aproveitamento do espaço interno, a imbatível economia (importantíssima em tempos de crise do petróleo, deflagrada em 1973) e até então inédita estabilidade fizeram dele um carro que definitivamente entrou para história e mudou para sempre o jeito de se fazer automóvel no país.
O carro foi mostrado oficialmente no Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro de 1976. Foram expostas quinze unidades do 147 pintadas em cores diferentes e inclusive protótipos do modelo movido a álcool (atualmente, etanol). Assim que chegou ao mercado, o 147 ganhou o título de mais estável carro nacional, colocando no bolso de uma única vez o Volkswagen Passat, o Chevrolet Chevette e o Dodge 1.800/Polara. Como se não bastasse, o 147 era também o carro de passeio no Brasil com o menor motor. Aproveitando isso, a Fiat logo conquistou vários compradores com suas propagandas inusitadas e ousadas.
Em seus dez anos de produção, o 147 passou por duas reestilizações sem grandes mudanças na carroceria. Na primeira, ganhou uma frente mais baixa com faróis e grade inclinados, no estilo que a marca chamou de “Europa”, em 1980, e, em 1983, a segunda, com a chamativa “Frente Spazio”, incorporando para-choques de plástico envolventes no estilo alusivo a modelos contemporâneos da marca como o Fiat Ritmo e o lançamento do ano seguinte, o Fiat Uno. O Spazio foi oferecido nas versões CL, CLS e o esportivo TR, substituindo o 147 Rallye, que tinha câmbio opcional de 5 marchas.
O 147 ficou famoso também por uma das mais disputadas competições nas pistas, com o Campeonato Brasileiro de Fiat 147, marcando época com a rivalidade ferrenha entre as duplas gaúcha Renato Conil e Janjão Freire, da Equipe Jardim Itália, e paulista Átila Sipos e Luis Otávio Paternostro, da Equipe Milano. Em uma das muitas provas, Janjão Freire errou a freada da Curva 1 de Tarumã, bateu na proteção de pneus e o carro de número 47 capotou e foi parar fora do circuito gaúcho, criando a famos frase “o piloto deve correr em Tarumã com sua credencial para que, se sair do circuito na Curva 1, possa voltar sem problemas”.
O Fiat 147 deu origem em 1978 a uma picape chamada 147 Pick-up. Em 1982, ganhou plataforma igual à da Panorama e passou a ter o nome de Fiorino. Na mesma época, foi lançado a versão furgão, produzida até hoje, na plataforma do Uno. A perua Panorama foi lançada em 1980 e a versão sedã, o Oggi, em 1983. A Fiat 147 Pick-up também tinha uma versão com cabine dupla, adaptada posteriormente à fabricação do carro.
O motor do 147
Desenhado especialmente para o mercado brasileiro, já que o de 903 cm³ do 127 era fraco demais para o Brasil, a FIASA dispunha por ocasião do lançamento do 147 de um 1.050 cm³ de 55 cavalos, que levavam o carrinho à velocidade máxima de 135 km/h, com um câmbio de 4 marchas.
Linha do Tempo do pioneirismo do 147
- Primeiro carro da Fiat produzido no Brasil, marcando o início das operações em 9 de julho de 1976.
- Primeiro carro brasileiro com motor transversal dianteiro.
- Primeiro carro no Brasil com coluna de direção articulada.
- Primeiro carro a álcool fabricado em série em todo o mundo (a partir de 1979).
- O menor carro a diesel da época, sendo vendido na Europa e Argentina.
- Primeiro carro brasileiro com todas as variantes: hatch, sedã, perua, furgão e picape.
- Primeiro carro brasileiro com o estepe junto ao compartimento do motor.
- Primeiro carro no Brasil a utilizar para-choques de plástico de polipropileno em larga escala (no modelo Europa, em 1980).
- Primeiro carro brasileiro com desembaçador traseiro.