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A espécie humana está em fase de crescimento – na maioria das vezes, os filhos tendem a ter estatura mais elevada que a dos pais. Por isso, em 2003, quando a Volkswagen lançou o compacto Fox, acertou em cheio ao adotar o estilo "teto alto". Herdada dos monovolumes, a tendência de design amplia o espaço vertical e aumenta expressivamente o conforto para passageiros com mais de 1,80 metro – que, entre os jovens, já são maioria. E foi justamente esse diferencial de altura que rendeu ao Fox seus dias de glória. O compacto esteve entre os 10 mais vendidos do país e chegou até a ser exportado para a Europa, a partir de 2005. O sucesso do hatch foi tanto que o modelo ganhou derivações, como a wagon SpaceFox e a aventureira CrossFox, com o estepe pendurado na tampa traseira. Mas, com o tempo e o surgimento de novos concorrentes, as vendas da linha começaram a cair. O CrossFox foi extinto e o SpaceFox, que é feito na Argentina e vende razoavelmente lá, ainda sobrevive, apesar de ser pouco procurado no Brasil. Na configuração hatch, para ganhar escala e reduzir a complexidade da oferta de versões no portfólio após o lançamento do novo Polo, as 10 versões do Fox que a Volkswagen comercializava no início de 2017 deram lugar a apenas duas séries especiais: a básica Connect e a Xtreme, com um visual esportivo. Atual "top" da linha, a Xtreme herda detalhes estéticos da CrossFox – mas foi descartado o estepe do lado de fora do porta-malas.O Fox foi desenvolvido no Brasil, pela equipe comandada pelo designer Luiz Alberto Veiga. Recebeu reestilizações em 2009 e em 2014, porém estruturalmente continua sendo o mesmo compacto lançado há 15 anos. Nessa versão Xtreme, incorporou uma nova roupagem esportiva. Os faróis receberam máscara escurecida e o para-choque frontal foi redesenhado – abriga os faróis auxiliares retangulares, com tripla função: luzes de conversão estática, de neblina e de longo alcance. A grade, em estilo colmeia, é sublinhada por um friso cromado. No perfil, as bonitas rodas de aro 15 incrementam o visual e são emolduradas por caixas de roda em preto fosco, unidas por faixa preta na parte inferior das portas. Como acontece na parte frontal, um friso prateado aparece inserido na faixa preta. Detalhes em preto estão também nas capas dos retrovisores, nas maçanetas e nas rodas de liga leve de 16 polegadas, que são escurecidas e diamantadas. O logotipo "Xtreme" aparece na parte inferior das portas traseiras e na tampa do porta-malas. A lanterna é escurecida e o nicho que abriga a placa leva um adesivo preto que a ressalta. A cor negra adotada no aerofólio, na parte inferior do para-choque traseiro e no rack de teto. O toque mais criativo do design na traseira fica por conta do sistema de abertura do porta-malas, feita empurrando a grande logomarca posicionada no centro da tampa, que ainda funciona como puxador. Por dentro, o Fox Xtreme mantém a tradicional posição de dirigir elevada e bancos confortáveis. Traz revestimento escurecido do teto e das colunas. Estilosas costuras vermelhas e padronagens quadriculadas exclusivas dos bancos da versão tentam "levar para dentro" o visual esportivo do exterior.Já sob no capô, não houve preocupação com a esportividade. Os dois modelos da atual linha Fox são equipados com o mesmo motor 1.6 litro, de quatro cilindros em linha e com duas válvulas por cilindro, usado há duas décadas em diversos modelos da Volkswagen. A versão Connect tem a opção de transmissão automatizada I-Motion, mas a Xtreme vem sempre acoplada a um câmbio manual de cinco marchas. A potência é de 101/104 cavalos com gasolina/etanol e o torque máximo é de 15,4/15,6 kgfm, com gasolina/etanol.A R$ 54.990, o preço do Fox Xtreme é menor que o dos concorrentes de estilo aventureiro/esportivo, todos com trens de força mais modernos e potentes. Entre eles, o Chevrolet Onix Activ, que custa R$ 61.490 e vem com um motor 1.4 de 106 cavalos e câmbio de seis marchas. Ou o Renault Sandero Stepway, que sai por R$ 59.050 e tem motor 1.6 16V com 112 cavalos. Ou ainda o Ford Ka Freestyle, que sai por R$ 63.490 e tem motor 1.5 de 3 cilindros e 12 válvulas com 136 cavalos. A aposta da Volkswagen é que o custo-benefício e a confiabilidade de um conjunto mecânico mais conhecido sejam atrativos suficientes para manter as vendas do Fox. Após 15 anos de mercado e agora com apenas duas versões, atualmente o Fox vende cerca de 3 mil unidades mensais. Em junho, foram 3.290 emplacamentos. Basicamente o mesmo que vendia no início do ano passado, quando ainda oferecia uma dezena de configurações, entre versões e séries especiais. Ou seja, a proposta da Volkswagen de reduzir a complexidade da oferta de versões do Fox deu resultado – o que pode até render uma sobrevida ao modelo, para o qual não é prevista uma nova geração.Impressões ao dirigirEstilo comportadoRio de Janeiro/RJ - O veterano motor 1.6 de 8 válvulas do Fox Xtreme move o hatch da Volkswagen com eficiência, mas não expressa a esportividade que seu visual externo parece sugerir. Os 15,6 kgfm de torque máximo com etanol, disponíveis integralmente já em 2.500 giros, não fazem feio e proporcionam alguma desenvoltura nas retomadas. A potência máxima de 104 cavalos é adequada à proposta urbana do modelo. O câmbio manual é agradável e tem engates precisos. Usado de forma racional e coerente, como hatch compato urbano que é, o Xtreme se comporta corretamente, tanto na estrada quanto na cidade.A suspensão do Fox Xtreme é firme, porém o fato de ser proporcionalmente alto – tem 1,56 metro – em relação ao seu comprimento e largura faz com que as rolagens de carroceria sejam mais frequentes do que em outros hatches. Nada que chegue a transmitir sensação de insegurança. A direção elétrica é suave nas manobras e progressivamente adquire o peso correto em velocidades elevadas. Contudo, o fato de não haver controle de estabilidade nem como opcional não estimula que se tente levar o modelo aos seus limites. Segundo o InMetro, o Fox Xtreme entrega médias urbanas de 7,7/9,2 km/l e rodoviárias de 11,3/13,3 km/l com etanol e gasolina, respectivamente. O resultado rendeu ao hatch uma nota B, tanto no geral quanto na categoria. Nos concorrentes com motorizações mais recentes, a nota A já é o atual padrão.