
Podem parar que eu quero descer!
Tivemos a melhor corrida do ano justamente no pior circuito do mundo, comprovando que nem sempre a pista é o culpado por coisas ruins. Lewis Hamilton corrigiu o imenso erro da direção de prova no sábado - quando não puniu Nico Rosberg que não aliviou em bandeira amarela na parte final do treino de classificação - partindo na frente na largada. A FIA só não tirou a pole do Nico porque não quis punir o piloto alemão em três provas seguidas. Mas deveria ter punido.
Pois bem, então coube ao Hamilton arrumar a casa na largada. Aliás, que largada! As duas Mercedes partiram muito bem, com Daniel Riccardo arriscando tudo por fora. No complemento da segundo curva, Hamilton assumiu a ponta à frente do companheiro de Mercedes e do australiano da Red Bull.
Por que eu disse que foi a melhor corrida do ano, até aqui, com metade da temporada cumprida? Além das disputas no pelotão da frente e pela ponta desde o começo, com os dois caras da Mercedes brigando volta a volta no cronômetro, os 30 giros finais tiveram lutas entre dois pilotos metro a metro. Foi Hamilton contra Rosberg, Ricciardo contra Sebastian Vettel e Max Verstappen contra Kimi Raikkonen.
Ninguém conseguiu passar nos duelos entre as duplas brigadoras, mas foi muito interessante de se ver. Vale ressaltar uma coisa: tá certo que o menino holandês seja o xodozinho de todo o amante da F-1 na atualidade, no entanto, o guri tá merecendo uma punição desde o GP da Inglaterra. Lá na casa do Hamilton, o Max mudou de trajetória em umas cinco oportunidades na frente do Rosberg.
Neste domingo, o Verstappen fechou descaradamente o Raikkonen, inclusive se batendo com a Ferrari. O menino ainda teve a cara dura de "dedar" o Raikkonen pelo rádio, falando que o finlandês estava indo além dos limites da pista na curva 11 do circuito. No final, ficou por isso mesmo, com o holandês saindo limpo de punição, mais uma vez, diga-se, e chegando na quinta posição.
Hamilton conquistou sua quinta vitória no, agora, não mais tão insuportável Hungaroring, tornando-se o maior vencedor da pista. Como não poderia passar batido, a cobertura da Globo veio com outras pérolas, sendo a maior esta: após o primeiro pit stop, Rosberg diminuiu a diferença para Hamilton drasticamente. O que veio da TV então? "Hamilton deve ceder a posição para Hamilton pois o alemão está mais rápido, e em Mônaco o Rosberg abriu passagem para o companheiro". Asneira! Em Monte Carlo, Rosberg estava andando como uma pata choca na pista molhada do Principado e estava atrasando a vida do inglês, além de o Ricciardo estar na ponta, abrindo vantagem.
Aí está toda a diferença. Tinha alguém de outra equipe na primeira posição. Agora, não, o Hamilton era o líder, não tinha ninguém de outro time se mandando na frente. E, mais: era a luta pela liderança da corrida. Ora, bolas! Naquele momento, o Hamilton estava ainda se adaptando ao novo jogo de pneus, coisa normal de prova.
Enfim, Hamilton venceu e assumiu a liderança do campeonato, pela primeira vez na temporada, com seis pontos na frente. Se Rosberg não conseguir reverter a situação na etapa de casa, na Alemanha, no próximo domingo, tchau campeonato para o alemão.
Outras cositas mas:
- Há quanto tempo digo que os sujeitos da Renault não poderiam estar correndo nem na GP3? Neste domingo, o Jolyon Palmer deu uma de suas rodadas clássicas, saiu da pista e voltou como um foguete (só assim ele consegue ser um foguete) bem na frente do líder da prova. Poderia ter decidido a corrida e matado o Hamilton.
- Em uma das paradas do Sergio Perez, a equipe da Force India não estava preparada, por problemas no rádio, desentendimento entre os componentes ou simples comida de mosca, e pudemos ver o sucessor do Usain Bolt, já para a Olimpíada do Rio. Vendo a cagada em andamento, um mecânico saiu correndo para dentro do box em busca dos pneus como uma flecha. Muito engraçado aquele correndo feito desesperado.
- Outra da Globo: em uma corrida disputada volta a volta, com o cronômetro e as informações de caracteres de tela importantíssimos, a emissora dividia a todo o instante as imagens com metade a F-1 metade a tocha olímpica nas ruas de São Paulo. Se alguém conseguia ler o que estava escrito na metade da F-1, diga-me qual é o segredo!
