E a culpa não foi dos pilotos - Blog da Fórmula-1 de Daniel Dias - Dias ao Volante

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E a culpa não foi dos pilotos

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Publicado por em F-1 ·


A direção de prova do GP da Inglaterra – vencido por Lewis Hamilton, da Mercedes – colocou a Fórmula-1 em uma imensa, ou pequena e bem apertada, saia justa. Com pista molhada, o safety car ficou à frente do pelotão por seis voltas intermináveis no circuito de Silverstone. Nada, absolutamente nada, justificou aquele procedimento. E nem estava mais chovendo.
A partir do momento em que corrida com chuva consta no cardápio das provas da categoria – bem diferente das competições nos circuitos ovais, da Indy e da Nascar, nos quais os carros não podem correr com asfalto molhado por motivos óbvios –, nenhum argumento autoriza o papelão da direção do GP da Inglaterra.
Muitos aficionados por automobilismo caíram de pau em cima dos pilotos. No entanto, os caras de capacete não tiveram culpa alguma. Inclusive, a maioria pedia para a liberação da prova e, por consequência, saída do safety car. Hamilton chegou a emparelhar com o carro de segurança naquelas seis voltas, pedindo para andar mais rápido ou saísse da frente.
A vergonha promovida no autódromo sede do primeiro GP da história da F-1, no dia 13 de maio de 1950, nada teve a ver com o ocorrido em uma etapa da Stock Car no circuito de Tarumã, no Rio Grande do Sul, em 2006. Naquele episódio, a negativa de entrar na pista com chuva partiu dos pilotos, que ficaram literalmente apavorados para enfrentar os desafios do traçado mais veloz do Brasil debaixo de uma borrasca.
Na F-1, o atestado de bobeira veio dos dirigentes, mas teve uma repercussão muito ruim como a protagonizada pelos pilotos da Stock Car. Um bólido da principal categoria do mundo foi feito também para competir com pista molhada, tanto que pode utilizar os pneus de chuva, os tradicionais "biscoitos". O dono do circo, o inglês Bernie Ecclestone, até já sugeriu que em todas as provas a pista fosse encharcada artificialmente quando não chovesse, para aumentar o espetáculo.
Embora seja projetado para enfrentar piso com água, o carro da F-1 tem suas limitações nesse sentido devido à pouca altura do assoalho em relação ao chão. Como ficou evidenciado no GP da Malásia de 2008, quando verdadeiros rios atravessavam a pista de Sepang, transformando as "baratinhas" em barcos por causa do aquaplane. No domingo passado, o estado de Silverstone estava bem distante daquele panorama.
Se a presepada da Inglaterra se tornar lei, não mais será vista na F-1 a apoteótica primeira volta do GP da Europa de 1993, em Donington Park, com Ayrton Senna passando os cinco primeiros colocados do grid de largada debaixo de um aguaceiro. Aquilo entrou para a história, e nada de ruim ocorreu, apesar de o risco natural e inerente ao automobilismo. Além do mais, aonde está escrito que as competições a motor não são perigosas?



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