Corrida maluca e narrador "bêbado" - Blog da Fórmula-1 de Daniel Dias - Dias ao Volante

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Corrida maluca e narrador "bêbado"

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Publicado por em F-1 ·


Se eu fosse pouco criativo, diria que aconteceu de tudo no GP do Brasil, neste domingo, em Interlagos. Mas só direi uma coisa: aconteceu de tudo no GP do Brasil, vencido por Lewis Hamilton, seguido de Nico Rosberg e Max Verstappen. Ou seja, o campeonato será decidido em Abu Dhabi, daqui a duas semanas, bastando um terceiro lugar para o filho do Keke.
Com muita chuva na capital paulista, desde as primeiras horas da manhã, a lambança já começou na instalação dos carros ao grid, meia hora antes da largada, com o francês Romain Grosjean estampando sua Haas contra o muro externo da Subida dos Boxes. Lambança, no caso, foi pouco. O que o cara fez foi um fiasco.
E lá veio a Fórmula-1 de novo com a largada com o safety car à frente. Altamente brochante, isto tira toda a possibilidade de briga na largada. No passado, os caras largavam na chuva sempre parados, sem safety car ou coisa parecida. Aliás, nem safety car existia. Parece que esta porcaria de procedimento mudará em 2017. Tomara! Estamos de saco cheio disto!
Com a chuva nunca dando trégua, a primeira parte da prova teve rodadas feias de Sebastian Vettel e Marcus Ericcson. O primeiro ainda conseguiu voltar à prova, enquanto o sueco ficou atravessado bem na entrada dos boxes. Logo após, a chuva apertou e o diretor de corrida lançou mão da bandeira vermelha, a primeira de duas vezes.
Com as interrupções, abriu-se a chance de Galvão Bueno – com a impressão de estar bêbado, além de tudo – "brilhar", enchendo linguiça para preencher o tempo com os carros parados nos boxes. O clímax da estrela global veio com sua tentativa – frustrada – de formular uma básica Regra de 3, a fim de calcular quantas voltas seriam necessárias para que a pontuação para os pilotos não caísse para a metade. A explicação do homem foi tão patética que nem mesmo ele entendeu, se instalando um silêncio sepulcral entre seus pares Reginaldo Leme e Luciano Burti.
Na volta da prova após a primeira bandeira vermelha, Kimi Raikkonen aquaplanou em plena reta dos boxes e bateu forte, não sendo atingido por outros carros por pura obra da sorte. Eu já disse várias vezes que o circuito de Interlagos tem um ponto crítico de segurança. Toda a Subida dos Boxes, a Curva do Café e a própria reta principal formam um Corredor Polonês. Se um carro bate, não tem para onde escapar e acaba ficando à mercê de outras batidas.
Fernando Alonso, de Renault, quase morreu no GP de 2003. Naquela ocasião, o australiano Mark Webber, de Jaguar, rodou e bateu na Curva do Café. O espanhol vinha logo atrás e não teve por onde passar, pois os destroços do carro de Webber estavam espalhados pela pista. Alonso acabou batendo violentamente contra um pneu traseiro da Jaguar. Felizmente, o então futuro bicampeão ficou apenas tonto com o choque.
Neste domingo, com o choque de Raikkonen, veio a primeira interrupção da prova. Os carros voltaram para os boxes com Felipe Nasr – com um brilhante nono lugar no final – em sétimo, pois não havia feito troca de pneus. Depois de uns trinta minutos, os carros voltaram para a pista, com o maldito safety car à frente. No entanto, não iriam longe. Mais bagunça e outra interrupção, com mais uma bandeira vermelha. O diretor de prova Charlie Whiting mais parecia torcedor da Ferrari, do Manchester United ou do Internacional. A grande torcida em Interlagos protestou veementemente, com gestos de desaprovação e xingamentos à F-1.
Naquelas alturas, a própria corrida sofreu risco de não ter nova relargada, com as condições de pista cada vez piores. Talvez com medo da reação da torcida, a direção de prova decidiu arriscar mais uma vez. Com 40 minutos a mais, próximo das 17h, os carros voltaram, com, advinhem... o safety car à frente mais uma vez.
Entretanto, vendo que talvez a torcida fosse jogar um torpedo contra o safety car, o Charles o retirou rapidinho. Verstappen atacou logo e passou Rosberg, ocupando o segundo lugar, sempre com Hamilton em primeiro. Tentando chegar no inglês, o guri maluquinho rodou na Subida dos Boxes, mas conseguiu se manter na pista brilhantemente. Em seguida, Verstappen foi para os boxes colocar pneus intermediários. Atitude errada. A Red Bull tinha feito a mesma coisa com Daniel Riccardo voltas antes.
Fazendo sua despedida de Interlagos com um F-1, Felipe Massa também bateu no Corredor Polonês e ficou atravessado na entrada dos boxes. Lá veio o safety car de novo, mas sem nova interrupção da prova. Seguiu-se então uma longa e emocionante caminhada de Massa de volta para os boxes, enrolado em uma bandeira do Brasil e sendo ovacionado pelo público. Quando chegou, foi aplaudido pelos integrantes de todas as equipes do circo.
Lá no asfalto, a corrida recomeçava. Hamilton tratou de recolocar uma vantagem segura sobre Rosberg, que é uma conhecida e habitual nulidade em prova com chuva. Babando, Verstappen recolocou os pneus para chuva extrema e veio como um cão raivoso, ultrapassando todo mundo. Quase no limite das duas horas de corrida e das 71 voltas regulamentares, o holandês passou o mexicano Serio Perez e completou o pódio, em uma atuação soberba. Desta vez, Verstappen não foi convidado a se retirar da sala pré-pódio.
Hamilton e Rosberg conquistaram mais uma dobradinha para a equipe prateada e decidirão tudo em Abu Dhabi. Com, ainda, grande vantagem de Rosberg.



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