

Abreviar a extensão de uma pista sempre fez parte da Fórmula-1, em especial no que se refere à segurança. Mas é uma prática que nunca deu certo. Ou melhor, só deu certo uma vez, com Spa-Francorchamps, na Região das Ardenas, na Bélgica, encurtado dos 15 quilômetros originais para 14,2 quilômetros e, finalmente, para os atuais 7 quilômetros. A história registra muitas mortes de pilotos e espectadores no antigo Spa, além de ser uma pista, a antiga, composta quase apenas por retas de estradas. Ou seja, desinteressante. Spa-Francorchamps é a melhor pista do mundo justamente porque foi encurtada, resultando em um traçado que tem de tudo, a fenomenal Eau Rouge e, agora, é ultraseguro e autódromo permanente.
O resto dos encurtamentos de pista, só merda. Na relação a seguir, a gente pode tirar Nürburgring antigo, o Nordschleife, o Inferno Verde, de 22 quilômetros de extensão, que, aliás, existe até hoje. O novo circuito está localizado na parte sul do Nordschleife e não ocupa nenhuma parte do antigo traçado, apenas um trechinho da reta dos boxes.
- Zeltweg, ou Osterreichring, ou A1-Ring, ou Spielberg, ou Red Bull Ring: fantástica pista de 5,9 quilômetros reduzida para 4,3 quilômetros. Embora o traçado atualmente não seja de se desprezar, o antigo era espetacular. Observem nas fotos aí de cima o que era e no que se transformou. Acabaram com o circuito.
- Interlagos: de pista mais seletiva do mundo, com quase 8 quilômetros de extensão, veio este chato traçado atual de 4,3 quilômetros. Até a célebre Curva do Laranja deu lugar ao Laranjinha. Acabaram com o circuito.
- Hockenheim: de um circuito de 6,8 quilômetros que ia e vinha de dentro da Floresta Negra, foi exterminado para uma pistinha de merda de 4,5 quilômetros. Acabaram com o circuito.
Agora, exemplos de duas pistas que não encurtaram, até cresceram (em nome da segurança), e ficaram melhores:
- Monza: sem falar do antiquíssimo e defasado circuito oval, para as condições atuais dos carros, desativado, o Templo da Velocidade teve a implantação de três chicanes em 1972, na prova que deu o primeiro título para o Brasil, com Emerson Fittipaldi. Depois, a curva dupla de Lesmo foi encurtada para a construção de uma área de escape maior. Imaginem a que velocidades chegariam os carros de hoje, sem as três chicanes, ao Curvão (logo depois da largada), à dupla de Lesmo e à Ascari? E mantiveram a sagrada Parabólica.
- Silverstone: construído na área de um antigo aeroporto da Segunda Guerra Mundial, o circuito inglês utilizava basicamente as retas do aeroporto desativado. O traçado era quase um quadrado, com quatro curvas de alta velocidade, impraticáveis para hoje em dia. Do antigo traçado, Silverstone de agora não tem quase nada. Cresceu em tamanho, em segurança e em desafios, inclusive com novos boxes, bem no miolo do traçado.
