

Enzo Ferrari
costumava dizer: “carro bonito é o que vence”. Difícil contrariar mais esta máxima
do “vecchio
comendadore”.
Pois o
tetracampeão Lewis Hamilton disparou contra os modelos da Fórmula-1 da próxima
temporada:
– Teremos os carros mais feios da História. Além disto, serão muito pesados. A F-1 deveria ter os melhores carros do mundo e não uns que mais parecem um Nascar.
– Teremos os carros mais feios da História. Além disto, serão muito pesados. A F-1 deveria ter os melhores carros do mundo e não uns que mais parecem um Nascar.
Exagero! Os
próximos modelos do Mundial não têm nada a ver com os carroções da categoria
norte-americana, verdadeiros tanques de guerra sobre rodas. Mas Hamilton não
deixa de ter um pouco de razão. Os carros de 2018 terão o tal do Halo (a geringonça
que pretensamente protegerá a cabeça do piloto). É muito feio! Além de serem,
de fato, 35 quilos mais pesados, os carros.
Quanto ao segundo
detalhe, uma consequência imediata: os pilotos terão de adiantar a zona de
freada, tornando os tempos de volta mais altos, com o agravante de
sobrecarregar os freios. Nenhum piloto gosta disto. Em relação ao Halo, cabe uma
discussão automobilística filosófica.
É justo só a
partir da segunda década do novo milênio os mandatários da F-1 se preocuparem
com a integridade da cabeça do piloto? Só agora, depois de 67 campeonatos e
centenas de cabeças a prêmio? Um carro tipo fórmula tem suas características, e
todo o corredor que se aventura nesta jornada sabe dos riscos: o bólido-fórmula
tem os pneus à mostra e o cockpit é aberto, sujeito a um carro aterrissar sobre
um outro, como ocorreu com Fernando Alonso na largada do GP da Bélgica de 2012,
na qual a Lotus do francês Romain Grosjean decolou em quase caiu sobre a
Ferrari do espanhol, ou a um arremesso da ponta de uma suspensão sobre a
viseira do capacete, que matou Ayrton Senna em 1994.
Pensando-se
unicamente na vida do piloto, é evidente que a entrada do Halo é bem-vinda. No
entanto, o carro da principal categoria do automobilismo começa, assim, a
perder a condição de ser um fórmula. Em parte, claro!
A construção de um F-1 sempre esteve ligada à estética, embora os aficionados acabem se acostumando com as pequenas aberrações surgidas de tempos em tempos, como por exemplo, os modelos de 2009 a 2016, com o aerofólio traseiro colocado muito para cima e o dianteiro enorme, a la limpa-trilhos de trem.
A construção de um F-1 sempre esteve ligada à estética, embora os aficionados acabem se acostumando com as pequenas aberrações surgidas de tempos em tempos, como por exemplo, os modelos de 2009 a 2016, com o aerofólio traseiro colocado muito para cima e o dianteiro enorme, a la limpa-trilhos de trem.
Na conjunção carro
bonito com carro vencedor, o maior ícone é também um dos modelos mais
importantes de toda a trajetória da F-1, surgida em 50: a Lotus 72D, idealizada
pelo gênio Colin Chapman em 70.
Só para se ter uma
noção exata do significado da barata (uma das belezuras aí de cima) que
deu o primeiro campeonato para o Brasil, em 72, para a F-1, um dado
impressionante: os carros como o circo conhece atualmente têm as linhas básicas
da Lotus 72D, de tão revolucionária que ela foi para a época.
Considerado também
o mais bonito da história da F-1, aquele carro preto e dourado de Chapman uniu
o belo com o vencedor. Por todas as soluções aerodinâmicas e pelas conquistas,
aquela Lotus teve uma longevidade de seis anos, algo impensável para os dias de
hoje.
Hamilton talvez
tenha razão no seu julgamento sobre os modelos de 2018. Porém, no outro sentido
desta rodovia estão dois itens essenciais: a segurança e a modernidade. Nisto,
não dá para se esquecer que os primeiros carros da F-1 não tinham sequer cinto
de segurança, os pneus eram estreitos quanto os de uma bicicleta, adotavam a
prosáica forma de um charuto e a proteção da cabeça dos pilotos era uma touca
de couro. A roda da modernidade não pode parar de girar.
Ah, ainda o Halo:
uma pintura escura da peça, como a que está equipando a Red Bull da outra foto
aí de cima, seria uma medida muito saudável. Para os olhos, de que assiste e de
quem está no cockpit.