
A famigerada equipe Fittipaldi, ou, como é mais conhecida, Copersucar - principal patrocinador nos primeiros anos da primeira e única escuderia brasileira na Fórmula-1 -, virará filme/documentário de longa duração. Será produzida em 2017, 42 anos depois da estreia da equipe (1975), a película As Asas de Ícaro – A Verdadeira História da Equipe Fittipaldi, do diretor Fernando Dourado e da Itoby Filmes, acompanhado de um livro com imagens inéditas do fotógrafo Claudio Laranjeira, que acompanhou a saga dos irmãos na tentativa de ter uma equipe na principal categoria do automobilismo.
Acompanhei de perto a trajetória da Copersucar/Fittipaldi, e espero mesmo que o filme contenha a verdadeira história deste fracasso nacional, que, entre tantas coisas patéticas, afundou a carreira do bicampeão Emerson Fittipaldi na F-1. No filme Rush – No Limite da Emoção, aparece um diretor da McLaren ironizando a saída de Emerson da equipe para se aventurar na escuderia brasileira, deixando os ingleses na mão: "Fuckpaldi", chama o diretor da McLaren o nosso Rato. A "traição" de Emerson, aliás, abriu passagem para o inglês James Hunt correr na McLaren em 76, travando o famoso duelo contra o austríaco Niki Lauda.
Voltando à Copersucar. A aventura da equipe brasileira foi uma irresponsabilidade iniciada na cabeça de Wilsinho Fittipaldi, que arrastou o irmão ilustre para o fundo do poço. Já na estreia, no GP da Argentina de 75, o carro pegou fogo (foto), mostrando claros sinais do que viria pela frente. O Rato deixou a McLaren, na qual foi campeão em 74 e vice em 75, e foi embarcar na empreitada brasileira em 76.
O melhor resultado da equipe, em seis anos de existência, até levar os irmãos à falência, em 82, também não deixou de ser patético. Em 78, Emerson comemorou o segundo lugar no GP do Brasil, em Jacarepaguá, como fosse uma vitória. Detalhe: Emerson chegou uma volta atrás do argentino Carlos Reutemann, da Ferrari, o vencedor da prova no Rio.
A aventura brasileira teve alguma coisa boa? Deixa eu pensar... Ah, lançou o finlandês Keke Rosberg, que seria campeão pela Williams em 82, e teve em determinado momento um jovem e já calvo inglês trabalhando de estagiário do projetista Ricardo Divila. O carinha era nada menos que Adrian Newey, então com 20 e poucos anos de idade. Aquele futuro engenheiro aeroespacial viria ser o maior projetista da F-1. Atualmente, projeta os carros da Red Bull, na qual conquistou o tetracampeonato com o alemão Sebastian Vettel, além de outros tantos títulos na Williams e na McLaren.