
O mestre argentino já dizia “corridas são corridas e só se decidem na bandeirada”. Às vésperas do GP do Brasil, muito tem se falado do favoritismo de Max Verstappen na pista de Interlagos. Esse favoritismo realmente existe, mas não para contar a história final da prova de domingo. Há algum tempo, me irrito bastante com os “comentaristas” das transmissões de TV em antecipar o que vem pela frente durante uma prova, especialmente com o Felipe Giaffone, que faz um desserviço nas coberturas dos GPs. Assim como o termo “a bola tá viva na área” no futebol não quer dizer absolutamente nada, veio neste ano o inferno do “undercut”, que seria um piloto adiantar ou atrasar sua parada nos boxes para ganhar uma posição, ou várias, na pista.
No domingo passado, o Giaffone se superou na irritação para quem entende alguma coisa de automobilismo. O cara, a la Nostradamus, contou tudo o que aconteceria com o Lewis Hamilton e o Sergio Perez na metade do GP do México: “a Red Bull deixará o Perez na pista por muitas voltas para ele voltar com pneus mais novos, recuperar a distância perdida nos boxes e ganhar a segunda posição do Hamilton”. Fácil, não é? Se fosse assim, não precisariam fazer a corrida, bastava disputá-la no simulador de computador.
Uma corrida real está sujeita a um grande número de variáveis, como condição de pista, condição do novo jogo de pneus colocado no carro, desgaste do equipamento e do piloto durante a prova, técnica e capacidade de pilotagem, e por aí vai... Como o GP do México estava sendo o mais chato de uma temporada muito emocionante da Fórmula-1, e o Giaffone “cantou” tudo o que aconteceria na corrida antes de Perez parar para trocar pneus, confesso que fui fazer outras coisas relacionadas com o nosso site. Fiquei então apenas escutando o que acontecia (ou não acontecia) no GP do México, com o narrador Sérgio Maurício berrando aos ventos toda a vez que o Perez diminuía a distância para o Hamilton. Eu sabia que não aconteceria nada! Por alguma razões, a principal delas (que já bastaria), era o Lewis Hamilton que estava ao volante da Mercedes à frente do Perez. Nas últimas dez voltas da prova, o mexicano chegou, levantou sua torcida, mas não esboçou simplesmente nenhum gesto de tentativa de ultrapassagem. Hamilton, na entrevista de final de corrida, falou sobre o assunto:
- A perseguição do Sergio foi emocionante para a sua torcida. Mas eu tinha a situação sob controle durante todo o tempo. Sabia que eu terminaria na frente dele.
Ponto! Não existe corrida contada e “carreras são carreras...”!